A partida estava marcada para 6a-feira, dia 20 de maio, mas a mala, a mota e eu já estávamos preparados aí desde 4a!!
Mas foi então na 6a que abalei cheio de entusiasmo e curiosidade direito a Ponte de Sor, para participar na terceira etapa do 20º Troféu Nacional de
Moto-Ralis Turísticos BMW/Dunlop da FMP-2016 também conhecido como o 21º Moto-Rali Motards do Ocidente.
Os primeiros kms ainda não estava "em viagem", sempre preocupado com o peso na top-case ou se o saco do depósito ia bem colocado, ainda a fazer muita força com o punho no acelerador.. Depois de passar a Vasco da Gama e já para lá do Freeport, dei conta que já estava descontraído, sem ter noção do momento exacto em que isso aconteceu. Esta proeza é toda dela..
Segui então a interminável recta do Infantado. A fugir aos radares e ao calor, virei no Coço num atalho para Montargil e foi aqui que fiquei rendido. Começaram as curvas! Com a barragem como pano de fundo e o final de tarde, que trazia uma temperatura mais amena para andar de mota, cheguei a Ponte de Sor sem me lembrar das chatices da semana e disposto a desfrutar desta nova experiência!
Quando cheguei ao Restaurante O Barril, ponto de encontro apontado pela (excelente) organização, percebi que todos se conheciam, tal eram as festas e abraços a cada mota que aparecia na Avenida da Liberdade. Sem conhecer ninguém, lá me fui apresentando timidamente como é costume. Fiz o secretariado, que quando o fiz não sabia o que era..mas se toda a gente que chegava ia fazer o secretariado, eu também fui!
Já com a logística tratada, bagagens e mota guardadas, precisava de fazer algo que me fosse familiar pois já bastava de tanta novidade! Fui então beber umas "imperiaizitas", trocando alguns dedos de conversa com outros participantes.
O jantar começou e ainda havia motas a chegar, toda a gente muito bem disposta, e quando terminou eu já conhecia malta dos Motards do Ocidente, de Guimarães, de Albufeira e até o John de Inglaterra.
O dia seguinte chegou rápido, acordámos cedinho apesar dos copos no Kopus Bar. Encontrámo-nos em Ponte de Sor e fomos juntos até Montargil onde se deu a partida. Nesta altura a malta de Albufeira já me acolhia na caravana, o que me ajudou a sentir que já pertencia ali.
1º dia do Moto-Rali !!
Manhã fresquinha na Escola Básica de Montargil, mas pequeno-almoço reconfortante no Café Raposo. A mim e a mais uns estreantes, entregaram-nos aos cuidados de um veterano nestas andanças, o Canha de Guimarães! Opah, que desastre!
" - Toma lá um roadbook, um livro sobre a história da região, mais esta folha de perguntas para entregar completa no fim, e agora segue o gajo de capacete laranja fluorescente!
- ãnh??? "
Albufeira da Barragem de Montargil - Uma das paragens da manhã do 1º dia. |
A primeira manhã foi andar à nora, via toda gente atarefada a olhar as placas dos monumentos, a responderem às perguntas. Montavam-se na mota e lá iam eles, para parar logo mais à frente para ver a resposta do pelourinho e a data da capela. Eu tentava fazer igual, mas o meu ritmo não acompanhava e entretanto tinha de seguir o capacete laranja!
A manhã foi atribulada para um novato, mas muito bom passeio com paragens em sítios muito interessantes, como a fábrica Sedacor onde aprendemos muito sobre cortiça e o que se pode fazer com ela!
O almoço (muito bem!) confecionado e servido pela turma de restauração da Escola Secundária de Ponte de Sor já chamava por nós, e logo de seguida ainda houve tempo para visitarmos mais um local impressionante, o Aeródromo de Ponte de Sor. Foi daqui que partimos para a 2ª etapa do 1º dia. A pausa do almoço deu-me para assentar os pés, perceber isto dos tempo de partida e chegada, aprender a ler o road-book e apanhar a manha das perguntas. Agora meus amigos...eu já ia preparado! (ler como se fosse o capitão Nascimento da Tropa de Elite)
Desta vez parti na minha hora, decidido a deixar o estatuto de estreante para trás. Seguimos em direção a Tramaga com paragens na Ribeira de Sor e no lagar Sabores Apurados. Atento aos tempos e a responder a todas as perguntas, optei pelo caminho de terra batida que percorria a margem da ribeira e de onde se avistavam os moínhos de água. Aqui fiquei de espírito cheio, foi sem dúvida o meu troço preferido de todo o Moto-Rali. Tínhamos um jogo para fazer no Centro Comunitário da Ervideira e era também lá que devíamos deixar o alimento que cada um trouxe de casa. Terminava o primeiro dia no Parque Aquático das Galveias, premiado com umas belas bifanas e cerveja fresquinha!
Voltámos em caravana para Alter do Chão. Mais de 50 motas a circularem juntas nas curvas do Alto Alentejo criou um panorama espectacular para quem nos viu passar, e uma sensação inigualável para quem seguia junto.
Armazém do Hotel Convento d'Alter/nossa garagem |
Chegada a altura do descanso, esgotámos todo o alojamento em Alter do Chão e arredores! O Convento de Alter onde jantámos e onde iria ser a partida no dia seguinte, impressionava. Mas o Varandas de Alter onde fiquei também não se ficou atrás. O jantar do pijama foi muito divertido, e houve sorteio de lembranças para todos!
Entretanto saíu a classificação do primeiro dia, fui dos últimos no sector da manhã e fiquei em 6º lugar no sector da tarde....
"- o quêêêÊ!!??"
shit just got serious....
Começa o segundo dia, e a publicação da classificação teve o mesmo efeito em mim que nos outros participantes. É que já não se via toda a gente a trocar alegremente as respostas como no 1º dia, e estavam todos muito mais atentos ao relógio desta vez.
Assisti à partida de todos até chegar a minha vez, esta etapa ia ser pequena pois o Moto-Rali terminaria pela hora de almoço dando oportunidade a todos de regressar a casa a tempo do jantar de Domingo. Parámos na Estação Ferroviária de Torre das Vargens e em Longomel, aldeia com gente muito simpática e prestável! Terminámos no Centro de Artes e Cultura, onde conhecemos a antiga fábrica de arroz e almoçámos em jeito de despedida.
Foto retirada do Facebook do Moto Clube Motards do Ocidente - partida no 2ºdia em Alter do Chão |
E assim terminou o Moto-Rali, com muito boa disposição, vi muitas paisagens novas e aprendi sobre coisas tão diferentes como cortiça, azeite ou mesmo a história da região. Conheci muito boa gente, que partilha esta paixão que é andar de mota, a simplicidade e humildade de conviver sem estatutos, e a visão diferente que temos dos sítios por onde passamos pois em cima de uma mota sentimos o calor, o cheiro e a verdadeira cor dos cenários dos quais fazemos parte.
Agradeço a todos com quem tive oportunidade de conversar, mas guardo dois agradecimentos em especial. Primeiro à organização dos Motards do Ocidente pois senti a atenção extra a um novato e durante todo o fim de semana me perguntavam se estava tudo a correr bem e se precisava de alguma coisa. E por último, mas não menos sentido, aos membros do Moto Clube de Albufeira que me acolheram sempre como parte da equipa, nos almoços e jantares, e fizeram com que toda esta experiência com desconhecidos, fosse passada entre amigos!
Foto de grupo retirada do http://amec-moto.blogspot.pt - Ponte de Sor |
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